"...deixar correr a memória armazenada e permitir que as recordações façam o trabalho..."
Anselmo Cavaleiro
Nota Prévia
Ribeiro dos Santos, assassinado pela Pide no Quelhas |
À Patrícia quero aqui manifestar a minha profunda admiração por um gesto tão bonito quão pleno de significado, naquilo que a vida tem de mais belo: o amor. Desejo também agradecer-lhe ter-me distinguido com tão honroso convite.
Devo entretanto prevenir a Patrícia para a dificuldade que já hoje sinto em estruturar as ideias e, mais ainda, de lhe dar forma escrita, após uma paragem já tão longa no exercício de pensar e de comunicar. Assim, o método que mais se adequa às minhas limitações actuais será o de deixar correr a memória armazenada e permitir que as recordações façam o trabalho de preencher este depoimento.
- Do Quelhas à Rua do Ouro e da Rua do Ouro ao Quelhas
Já não sei bem se conheci o Armando Queirós no I.S.E., no nosso inolvidável Quelhas, ou na Rua do Ouro, no também nosso inesquecível Totta, ou no caminho entre estes dois mundos que preencheram e tanto determinaram as nossas vidas e as das nossas famílias.
Estávamos em 1971, creio. Eu tinha deixado o Serviço Militar e ingressado no Banco Totta & Açores, em 1970, onde o Queirós já estava há algum tempo, em resultado da fusão entre o Banco Lisboa e Açores e o Banco Totta Aliança ocorrida no início do ano.
Depois de muitos anos na Província e de mais três anos e meio de serviço militar, período este apenas interrompido por um ano no Quelhas, em 1965/66, eu era antes de mais uma pessoa pouco sintonizada com o modo de vida e os padrões da capital, adivinhando-se facilmente as minhas dificuldades, em vários domínios. Para mais era já casado e Pai, com a minha mulher e filha a viver na província, mais propriamente na Figueira da Foz.
(continua)
Anselmo Cavaleiro
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