domingo, 13 de maio de 2012

Com a Velha Ortografia...

"Habituei-me, desde há muito, a ouvir o resultado das suas análises, sobretudo nas áreas de economia e política." 
António 

Hesitei!...

 Quando se atinge determinada idade tem-se a sensação que o cérebro começa a ficar empedernido, já não corresponde ao que dele se espera. Depois há também as doenças as idas a hospitais. E eu que sempre abominei consultas médicas e hospitais… Também a chamada crise que vivemos perturba o bem-estar e agita espíritos: quase diariamente chegam notícias a dar-nos conta que o bolso e a carteira estão a ficar vazias.

Hesitei também pelo facto de ter dúvidas acerca dos meus conhecimentos da língua portuguesa. Inventaram uma «coisa» a que deram o nome de AO e que, para além de outras coisas, contribui para baralhar a cabeça das pessoas. Eu não aprendi a maneira nova (também não estou interessado), mas já vou esquecendo a velha. A maneira de ortografar que me foi ensinada pelo Senhor Professor José Moreira Lúzia, sempre meticuloso, valendo-se algumas vezes da palmatória, está ameaçada de desaparecimento.

Pedem-me para escrevinhar alguma coisa acerca de um aniversário, neste caso de um dos meus irmãos. Devo referir que sempre liguei mais ao aniversariante do que ao aniversário, incluindo o meu. O aniversariante contacta-se no dia-a-dia e o aniversário é apenas uma vez por ano.

No mês de Maio de 1942 o casal José e Aida, residentes em São Pedro do Rio Seco, viram a família aumentada. A aldeia contava com mais um habitante; o Senhor Padre José Raimundo preparava-se para fazer o último baptizado; a Senhora Professora D. Leia Limão Marcos (ou Marcos Limão?) iria contar, alguns anos mais tarde, com mais um aluno. Foi nessa escola, com essa professora que a criança fez da 1ª à 4ª classe. A D. Leia era uma professora, dizem-me, muito competente e dedicada. Era também muito esquecida porque raramente aparava a barba e o bigode.

Corria o ano de 1954 e o rapaz, com a restante família, rumaram à cidade da Guarda. O destino que o esperava, tal como aconteceu com os dois irmãos mais velhos, era o trabalho e o estudo (ensino nocturno). Entretanto a idade adulta, do agora aniversariante, ia-se aproximando. Impunha-se tomar decisões com vista a preparar o futuro.

Surge assim, Lisboa como destino mais provável. Mas, antes disso, havia que cumprir o serviço militar. Tal como aconteceu a muitos jovens, que viveram nessa altura, foi chamado a defender a Pátria: una, indivisível, plurirracial, pluricontinental, pluri não sei que mais. Uma vez fixado em Lisboa (por volta de 1967?) procurou adquirir as habilitações que permitiam o ingresso no ensino superior, acumulando, mais uma vez, o estudo com as obrigações profissionais.

Depois de concluído o curso e obtido o respectivo diploma, passou a desempenhar, na instituição bancária, funções adequadas à condição de licenciado. Habituei-me, desde há muito, a ouvir o resultado das suas análises, sobretudo nas áreas de economia e política. Estou convicto que entre nós não há divergências de fundo.

António Queiroz

1 comentário:

  1. O texto do meu irmão António foi escrito à mão, talvez com uma caneta de tinta permanente (para este meu irmão uma tecnologia de ponta), depois copiado para o computador por outra pessoa, resultando daí o erro de chamar Leia à minha professora em vez de Lia.
    Quanto ao conteúdo do texto, no que se refere à parte histórica, nada a apontar, até porque foi feito por um especialista na matéria.
    Já quanto ao “ouvir o resultado das minhas análises”, e à inexistência de “divergências de fundo”, o autor ou está a ser amável ou irónico.
    Se perguntarmos a todos os amigos de longa data, e são muitos, quem sempre foi ouvido com toda atenção nas suas análises políticas, a resposta será unanimemente: o António.
    Divergências, não teremos muitas mas que qualquer de nós faz um grande e saudável esforço para as procurar, lá isso é verdade, tal como o nosso pai sempre fez com os nossos tios. Está na massa do sangue como se diz na nossa terra.
    Armando

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