"Creio que se ser alentejano fosse uma questão de religião se teriam convertido de imediato"
Carlos e Lena
Segredo bem guardado, luxúria de Alentejano...

Não cairei no exagero de afirmar que por ele casei com uma alentejana, até porque esse segredo só me foi revelado após ter conquistado o coração da família, e porque veio acompanhado de outras surpresas, como sejam o cozido de grãos, o pão como só naquelas terras se faz e as deliciosas cabeças de borrego assadas em forno de lenha do “João das Cabeças”. Mas se tivesse conhecido estes segredos antes, acredito que teria sido mais fácil persuadir-me que um Queiroz pode casar antes de ter os primeiros cabelos brancos ou sinais de calvice, desde que seja com uma alentejana...
Uma vinda a Lisboa dos meus sogros, que na bagagem traziam uma boa dose desta iguaria (cozido de lebre), foi, há já uns bons anos, o pretexto para a Fátima e Armando virem comer a nossa casa. Ficaram rendidos. Creio que se ser alentejano fosse uma questão de religião se teriam convertido de imediato. Porque ainda hoje falam recorrentemente no assunto, não me permitiram que o esquecesse eu próprio. Pediram a receita, que a minha sogra prontamente deu, sem receios nem hesitações.
Parecia trivial, embora ela não tenha sabido especificar proporções ou tempos, “nem era preciso, dada a simplicidade”. Tudo é feito por pura intuição e experiência transmitida entre gerações. A Fátima bem tentou, mas relata que o resultado não foi brilhante. E como lebres não se arranjam com facilidade, não é coisa que dê para repetir até ao sucesso. Atrevo-me a dizer que ainda bem. Assim fica mais vivo na memória de todos o desvendar daquele segredo bem guardado.
Para o Armando, no aproximar de uma data marcante, um grande beijinho e um forte abraço da Lena e do Carlos.
Os Queiroses são sornas, os Rodrigues são francos.
ResponderEliminarO meu primo Carlos Alberto Rodrigues Queirós conseguiu reunir num único corpo toda a sorna dos Queiroses e toda a franqueza dos Rodrigues.
Daí, todo aquele tamanho.
É a voz de um Queirós quando, na primeira classe, atrapalhado com aquela trabalheira das cópias, da tabuada, dos trabalhos de casa, diz: “No Guento”
É um Rodrigues que vem ao de cima quando telefona a um primo a dizer: “Aparece, tenho cá em casa um petisco especial que veio do Alentejo “
Não sei de quem terá herdado aquela astúcia que lhe permitiu do alto dos seus quase dois metros, talvez por isso, descobrir, no meio da multidão, a única Alentejana que não cabe nas anedotas dos alentejanos e que, ainda por cima, lhe oferece como dote uma sogra das que já não há.
O Carlos não se fica atrás e, como prova de gratidão, resolveu oferecer à Lena uma sogra que não é sogra