"Um dia, o gajinho, sabendo das minhas grandes aptidões para a
Agricultura convidou-me para almoçar em sua casa e lhe podar as bastas
árvores em volta da casa"
Tomás Rodrigues
O Armando nada percebe de agricultura: tinha umas luzes de manjericos, brincos de princesa e roseiras de Sta. Teresinha e pouco mais; desconfio até que o Meco acreditava que o vinho e o vinagre tinto tinham origem na tinta da China deixada secar ao sol!
Um dia, o gajinho, sabendo das minhas grandes aptidões para a Agricultura convidou-me para almoçar em sua casa e lhe podar as bastas árvores em volta da casa. Ora, como pessoa de boa índole, acedi! Embora desconfiasse que tanta amabilidade trazia agua no bico!
Podei as árvores como manda o figurino e de acordo com 2 ou 3 livros de bolso que tinha comprado para me ilustrar sobre o assunto. No entretanto, ele e o dito comandante de lata de sardinhas em azeite, divertiam-se, sentados na varanda e emborcando bejeca sobre bejeca! Por este pequeno episódio se pode ver por que é que o país não anda para a frente: um a trabalhar que nem um Cabinda e dois a curtir a dureza da preguiça!
Adiante que esta parte aqui pode ser entendida como política reacionária!
Nessa altura e, dadas as minhas grandes aptidões para a poda, estava a pensar expandir esta actividade, eis senão quando começo a notar o abaixamento da procura pelos meus serviços e uns rizinhos sacripantas por parte dos suspeitos do costume sempre que se referiam às minhas aptidões agrícolas. Juntou-se, por esta altura ao grupo o Quim, jóia de moço, entretanto desaparecido e que os energúmenos trataram de industriar contra as minhas habilidades.
Eu andava tão achacado com este comportamento do marrano da raia e do moçárabe de Silves, que se ainda existisse a Inquisição, tinha-os denunciado pelo prazer de os ver reduzidos a torresmos na fogueira.
Um dia, talvez condoída deste meu sofrimento atroz, a Fátima confidenciou-me, em surdina, que o Armando e também o Popeye de pacotilha sempre que viam uma árvore reduzida a dois ou três ramos ou degolada comentavam e cito: “o Tomás já passou por aqui!” Se a árvore se apresentava farfalhuda de ramos: “ o Tomás ainda aqui não esteve!”
E diziam isto a toda a hora e momento, até numa célebre viagem que fizeram a França, usaram a minha pessoa e as amplas aptidões de poda demonstradas para, mesmo além fronteiras, se encarregarem de emporcalhar as minhas qualidades laborais.
E, deste modo estes dois trastes arruinaram a perspectiva que eu tinha de criar um negócio lucrativo com hipótese de criação de um ou mesmo um posto de trabalho e meio.
Assim se vê como a capacidade empreendedora pode morrer vítima da maledicência e de espíritos menos abertos às grandes ideias.
Mesmo que tivesse feito publicidade para reverter esta situação a ruína era por demais evidente: o facínora e o amigo acabaram com a minha reputação de podador. Não lhe posso perdoar!
Daí continuar a afirmar aos 4 ventos: o gajo não presta! Dele quero distância, próxima!
T`arrenego Satanás! Vade rectro!
Tomás
Nem toda a gente tem um amigo da Picha. (Nem o corrector do Word conhecia esta palavra)
ResponderEliminarNo meu caso, para além dos algarvios, beirões e outros por esse mundo fora, tenho também o da Picha.
Poderia ter vindo ao mundo um pouco mais a sul, em Venda da Gaita que é também no concelho de Pedrógão Grande, mas teria ficado impedido de vir a integrar a Associação de Melhoramentos da Picha que, provavelmente, ajudou a fundar, antevendo já que viria beneficiar dos seus serviços.
Não dá ponto sem nó.
A propósito de pontos, ainda treinou para dar outros, mas não passou dos alinhavos e de uns botões mal pregados. Medidas, nunca chegou a tirar, a não ser às “aprendizas” quando passavam a “ajudantas”.
Com a fama que ia criando, lá para aquelas bandas, restou-lhe vestir o fato novo, vestir uma camisa lavada e descer até à Capital, onde vim a conhecê-lo para mal dos meus pecados.
Das suas aventuras e desventuras prefiro abster-me de falar porque não sei se isto irá ser lido por crianças. Para além disso, é preferível que os seus netos permaneçam na ignorância quanto ao passado de tal avô.
Acabou por se refugiar numa quinta, entre pinhais, ali para os lados de Mafra, a que modestamente chama Cabana do Pai Tomás.
Mas pode ficar descansado. Não vou dizer onde é que exactamente se situa a tal Cabana, já que não sou delator e essa é a sorte dele
Mas há um mistério que ainda gostava de desvendar.
Como é que a Clementina, uma minhota de Vila Verde, tão bem formada que até parece ter andado num colégio de freiras, uma rapariga desenxovalhada, como se diz na minha terra, disse sim, quando lhe perguntaram se era de sua vontade casar com Manuel Tomás Rodrigues?
E isto num país com 5 milhões de homens.
Claro que o país estava em guerra em África e os bons andávamos todos por lá. Terá sido isso?