"...sendo ele oriundo da raia, ali deve correr sangue de marrano na certa, e
aquele nariz aquilino diz quase tudo, mas , cala-te boca! "
Tomás Rodrigues
O gajo não presta
Alguém que muito prezo me fez chegar a indicação de que o Armando faria no dia 13 de Maio (?) 70 anos! Puxa, que é que eu tenho com isso? É flor, salvo seja, que se não deve cheirar! Não, dizia-me a pessoa em questão, o caso é que estão a pedir aos “ amigos “ um texto sucinto que descreva o Armando e o relacionamento dele com todos nós.
Aí compreendi! Finalmente, uma oportunidade de acertar contas com esse tipo.
Conheci, melhor, cruzei-me com o Armando antes do 25 de Abril no Café Palladium da Avenida da Liberdade, onde durante a noite, em mesas mal iluminadas estudávamos nos respectivos cursos nocturnos as matérias que levaríamos para as aulas do dia seguinte. Nessa data já o ilustre aniversariante se fazia acompanhar por um tal de Cabrita, algarvio, e que estudava para marinheiro, curso que eu nem sabia que existia, mas adiante, amizade que ainda hoje se mantém e que valha o pudor e a discrição, não seja aqui mais invocada.
Com o 25 de Abril passei a encontrar-me com o Armando nas diversas movimentações realizadas no âmbito do Sindicato dos Bancários e em actividades políticas um pouco por todo o lado. Soube, entretanto, que o Armando tinha casado com a Fátima, duplamente Santa, ora porque tem o nome de uma das filhas do Profeta, ora porque tem o nome de um local especial para os crentes cristãos.
Nunca percebi o que a rapariga viu nele: ela rapariga prendada, conhecedora da Arte, pintora eminente, falando francês, não sei se tocando piano, mas pelo menos campainhas de porta e tampas de tacho na passagem de ano sei que toca! Aquilo cheirou-me sempre a macumba de cristão novo, dado que sendo ele oriundo da raia, ali deve correr sangue de marrano na certa, e aquele nariz aquilino diz quase tudo, mas , cala-te boca!
Para complicar mais as coisa a boa da Fátima trabalhava com a Tina no extinto Crédito Predial Português e tinha uma casa de campo, coisa sumptuosa, em Montesoiros; eu e a Tina tínhamos, temos, a Cabana do Pai Tomás, no Sobreiro. Passámos a visitar-nos com alguma regularidade e qual não é o meu espanto, quando, umas visitas mais tarde, sou surpreendido pela presença do tal marinheiro, já à data comandante, possivelmente, de algum navio de papel navegando num aquário de taínhas, e cheio da empáfia de quem usa farda com dourados tipo porteiro de discoteca manhosa.
Pronto, o personagem em questão tinha também casa próxima e começou a juntar-se com o pessoal. Durante anos visitámo-nos assiduamente e partilhámos experiências de um ou outro produto agrícola que íamos plantando: recordo-me, a título de exemplo, uma célebre plantação de amendoins que fiz e que foi depois torrado no forno e comido mais ou menos cru, mais ou menos esturricado e uma famosa desfolhada de milho que acabou em louvação orgíaca ao Deus Baco, por essa data muito festejado, cá por casa.
Outros momentos houve que valeram grandes momentos de convívio.
Tomás
(continua)
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