sábado, 9 de junho de 2012

Retrato em Dois Tempos - Primeiro

 "A Fátima telefonou-me a dizer que eu tinha de escrever qualquer coisa acerca de ti."
J. Ribeiro


"A vida não é a que cada um viveu, mas a que recorda, 
e como a recorda para contá-la."
G. Garcia Marquez

 A Fátima telefonou-me a dizer que eu tinha de escrever qualquer coisa acerca de ti. Coisa difícil mas, mais delicada se torna quando nas entrelinhas da encomenda está “falar de ti mas bem” Este bem pode ter uma dupla aceção: ou bem quanto à forma, quanto ao estilo... o que para mim, dadas as minhas capacidades, é impossível: (Fátima, tinhas logo de pôr em evidência as minhas limitações…foi de propósito…) ou dizer bem de um modo substancial, verdadeiro, objetivo, isto é, que corresponda ao que tu és, ao teu ser e estar. Tarefa também impossível porque ou te elogiava a propósito de tudo e de nada e tu dizias logo: aquele tipo dececionou-me, (agora escreve-se assim…) falou de mim sem me conhecer bem, quem pensa que é? E sorrindo, (parece que te estou a ver) abanando a cabeça com um ar de condescendência dirias entre dentes: sempre disse que este gajo era parvo.

Ainda para aumentar a dificuldade, (será possível?) tenho consciência que esta espécie de texto vai passar pela censura da tua esposa e da tua filha… e elas não brincam em serviço… vão pegar num lápis azul e lá começam os cortes, a princípio, de algumas letras; depois, como quem não quer a coisa, de algumas palavras e, se calhar, se estiverem num dia de mais exigência, vão frases, períodos e parágrafos para o lixo (do computador, claro) e só não vai (se não for) o texto todo porque … (já agora, pergunta-lhes)

Em conclusão: não vou falar de ti, não vou dizer como tu és bom, exemplar, inteligente, honesto, habilidoso, etc. (apesar de pensar que és tudo isso e muito mais), mas vou lembrar o Armando que conheço.

José Ribeiro

(Segue no segundo tempo)

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