sábado, 2 de junho de 2012

Histórias de guerra 5 - O Regresso

"Finalmente chegou a hora do regresso."
Diogo

Do regresso à base nada me ficou na memória. Não deve ter havido nada de muito extraordinário que me tivesse marcado. Foi a única coisa que valeu a pena daquela comissão, para além das amizades que por lá se cimentaram e que perduram até hoje. A propósito acho que está na altura de repetirmos um almocinho do grupo restrito. O último foi no João do grão. Houve outro no Porto mas de Lisboa só vieram 3. De regresso ao Dinge e à pasmaceira dos dias contados até ao final do degredo era o nosso castigo. Finalmente chegou a hora do regresso.

Não me lembro como é que viajámos de Cabinda para Luanda. Depois foram aquelas desgraças com as mortes por acidente quando já tudo tinha terminado e o tempo era de diversão. Lembro-me que em Luanda uns foram para o Grafanil e eu fiquei não sei já com quem em Luanda. Lá embarcámos de novo no Vera Cruz, numa viagem mista com civis a bordo. Mais nove longos dias de viagem até ao Puto. Passámos por baixa da ponte ex salazar em vésperas da sua inauguração.

Assim se passaram vinte e seis meses da nossa vida, os que teriam de ser dos melhores, pela nossa juventude, e foram encerrados num quadrilátero de arame farpado, sem história para a maioria, com altas vantagens para os profissionais que vivem de guerras e contendas.

Estamos vivos, fazes 70 anos, também já os fiz, goza o teu tempo com a tua família e lembra-te que tens sempre aqui um amigo cuja amizade se cimentou em tempos difíceis mas também serenos que conduziram a vivências que perduraram até hoje. Bebe uma taça por mim que nesse dia 13 de Maio, abençoado de acordo com a igreja, me lembrarei de ti e erguerei também o meu copo.

Parabéns. Bem haja Patrícia

Diogo

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